A hora, o minuto, o segundo

Mais um mês está começando, e este ano parece que está voando, não é mesmo? O ser humano sempre desejou domar o tempo, mas este foge como a água escorre pelas mãos. Tempus fugit, “o tempo foge”, já diziam os romanos. Compreender sua natureza é algo tão complexo que Santo Agostinho disse certa vez: “Se me perguntarem o que é o tempo, eu sei o que é, mas, se eu tiver de explicar o que é o tempo a quem me perguntou, agora já não sei”. A ciência moderna e suas teorias, como a relatividade e a mecânica quântica, apenas começam a compreender a natureza do tempo.

Mas, se nunca conseguimos controlar e muito menos frear a passagem do tempo, pelo menos começamos desde cedo a medi-la, criando dispositivos, como a ampulheta e o relógio, e palavras para nomear suas divisões e subdivisões.

A origem das palavras que designam as frações do tempo, como hora, minuto e segundo, é bem curiosa. “Hora” foi herdada do latim hora, que por sua vez chegou por empréstimo do grego hóra, “período, estação do ano”. Esta, embora não pareça à primeira vista, é parente do inglês year e do alemão Jahr, “ano”. O que acontece é que todas essas palavras provêm de uma raiz indo-europeia *jer‑, que deu origem a muitas palavras referentes ao tempo nas línguas descendentes do indo-europeu. (Para quem não sabe, o indo-europeu foi uma língua falada há cerca de 6 mil anos no Cáucaso, a qual originou a quase totalidade das línguas da Europa e várias do Oriente Médio.)

Muito antigamente, não havia relógios mecânicos e muito menos eletrônicos, por isso a única maneira que se tinha de medir o tempo era por meio de relógios de água (clepsidras), de areia (ampulhetas) e dos chamados relógios de sol (um disco com a borda numerada de 1 a 12 e uma haste no centro, cuja sombra ia percorrendo os números à medida que o Sol cruzava o céu).

Assim como os babilônios, cerca de 1.500 anos antes de Cristo, já haviam dividido o dia em 24 horas, o astrônomo grego Ptolomeu (século 2 d.C.) criou um sistema sexagesimal, que portanto dividia a hora em 60 minutos e o minuto em 60 segundos. À primeira divisão os romanos deram o nome de pars horae minuta prima (primeira parte miúda da hora) e à segunda, pars horae minuta secunda (segunda parte miúda da hora). Foi daí que surgiram, por simplificação, as denominações minuta e secunda, posteriormente adotadas pelas línguas europeias em geral. É daí que vêm a nossa hora, o nosso minuto e o nosso segundo.